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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

ARTIGO: Especial de Natal Porta dos Fundos da Netflix “Perdoe-os pai, não sabem o que fazem”. Qual o limite da Arte?

* Phabrício Petraglia
Como Ator, formado em Artes Cênicas, me senti quase que na obrigação de ver a referida esquete de Natal, para que ficasse evidenciado que tal repúdio que o público vem apresentandoao produto não se trataria de qualquer tipo de censura.  Ao assistir, até o final, tomado por certo sentimento de culpa, quase como se cúmplice fosse por estar participando da audiência e contribuindo indiretamente para lucratividade do produto e seus idealizadores, o Porta dos Fundos; pude concluir, que o a história nele inserida é um escárnio à fé cristã, a igreja, aos fiéis, a religião, à cultura. Não se trata de uma crítica como costumamos a ver, sobre homens que se utilizam da fé e que acabam por ignorância em nome dela,cometendo qualquer tipo de abuso. Não é uma caricatura de pastores que pedem dinheiro ou padres abusadores. Não se trata de sátira ou protesto; desta vez, diferente do humor que sempre foi utilizado como forma de manifestação pública de descontentamento e de impugnação, está longe de se tornar uma saudável atitude de protestar, mas uma lastimável, deplorável, ultraje, ridícula e mesquinha afronta na qual nada cobram nem reivindicam, só ofendem.  
Como Jurista, vejo claramente que o especial de Natal, fere diversos princípios, entre eles o da Liberdade Religiosa e o da Dignidade da Pessoa Humana. Vejo que existe um abuso da Liberdade de Expressão que, por si só é fundado em princípios e garantias fundamentais que existem justamente para proteger a Liberdade do pensamento e, isso claro, não nos dá direito a ofender ao pensamento alheio, tão somente divergir. Tal conduta pode ser considerada também um atentado à dignidade da justiça e a democracia; não se trata de uma história baseada em uma possibilidade humana da divindade de Jesus, que poderia ter formado uma família e ter deixado descendentes, como Dan Brown assim contou em seus filmes apresentando o que a priori, ainda que tenha incomodado o cristão, não houve escárnio e ridicularização da fé e da religião. O que vemos na apresentação de fim de ano do canal é um show de horrores; Um Jesus homossexual que possui namorado; o que poderia ser exaltado até como protesto ou crítica as tradições dogmáticas; mas não, seria apenas um artifício para o desfecho de um caso que ele teria com seu namorado, que acaba por se revelar o demônio e essa teria sido sua tentação. Ele descobre que seu pai teria sido corno e que vive em rixa com Deus e, que Maria não seria virgem, mas uma lasciva e erótica libertina que teria desejoslibidinosos com o todo poderoso. Calma que se você ficou enojado não para por aí... Deus é um ser prepotente, arrogante, machista, que teria, nas palavras da filme“penetrado em Maria” e, 30 anos após o nascimento de cristo, continuaria suas investidas irresistíveis em cima da mãe já idosa de jesus que ora retribui e ora tenta resistir aos encantos.  
Como Professor e Sociólogo, vejo uma crescente onda do politicamente correto de grupos minoritários que se tornaram fiscais do humor; os humoristas por sua vez, para obter aceitação destes grupos, passaram a ofender àqueles que para eles representariam ameaça, assim passaram ofender as tradições dogmáticas e colocam como ameaça a religião e a fé que tanto contribuíram para a sociedade que conhecemos e principalmente para o conceito humanitário e jurídico exaltado por eles. Grande ironia se faz presente quando vemos que existe mais religiosidade no Direito do que supõe aqueles que o-evocam contra a religião.
Como Jornalista, vejo uma imprensa que confunde e não consegue distinguir liberdade de pensamento, liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Coloca tudo no mesmo pacote e é incapaz de ter senso crítico a respeito do assunto. É inerte e covarde e irritantemente barulhenta quando ouvem a palavra “Censura” como se nada pudesse ou devesse ser censurado. 
Como Católico, me sinto profundamente injustiçado, humilhado e ofendido em minha honra. Sinto-me incapaz de revidar qualquer tipo de agressão por saber que não correspondem aos valores deixados por cristo e pela Santa igreja. Como Cristão, sei que Jesus não precisa de defesa, masno filme não vemos nenhuma crítica política de grande relevância histórica, nenhuma critica religiosa em relação aos homens que dela professam e nenhuma crítica aos erros ou aconduta humana diante da fé. Zombam, mas não como se fosse um conto de fadas, longe disso; praticam o escárnio trazendo uma personalidade deturpada, vil, e delirante a esses santificados personagens que, ainda que frutos da fé ou de fatos históricos, possuem a proteção do Estado, mas que proteção?  
Temos um Estado elitista, permissivo e omisso, estabelece a liberdade religiosa tão irrestrita que, satanistas que cultuam o diabo possuem o direito de fazê-lo, ainda que a sociedade predominantemente cristã seja contra. Em nome da laicidade,rituais com sacrifício de animais, vodoo e magia negra são assegurados pelo Estado através do princípio da Liberdade Religiosa, respeitadas as tradições culturais; ainda que essa religião pregue a maldade, ou a desejar o mal a vida alheia.Mas este mesmo Estado treme diante de um artista muitas vezes débil mental, colocando-o num patamar de divindade. Alguns casos que poderiam facilmente ser confrontado por uma criança, só terão ouvidos se criticados por aqueles que possuírem os títulos que lastimo ter que ostentar e que às vezes nem assim são suficientes para coibir ou reparar as grandes estapafúrdias e disparates ofensas daqueles que em nome da arte praticam delitos, e na maioria das vezes nem formação possuem.
Parece que a ultima tentação de cristo, não a do filme, mas a bíblica, ambientada no deserto é o retrato do que nós cristãos passamos hoje. Um deserto de fraternidade, sem respeito e amor ao próximo onde somos ofendidos, ridicularizados, humilhados e cuspidos em nossa fé. 
Como escritor e poeta, sei que o leitor contemporâneo adora se sentir vingado através de fortes e contundentes palavras, principalmente se eloquentes e bem empregadas, inspirados pela polarização dos últimos tempos, aguardando sempre um desfecho com o fetiche de aguardar o próximo capítulo. Devemos nos abster de nossas vaidades e mesmo sendoperseguidos e com todo poder que temos para revidar nos mantermos firmes aos nossos ideais. Por isso peço perdão aos leitores por decepcioná-los pelo desfecho nada glorioso. Continuo admirando os profissionais, comediantes e colegas, do Canal no Youtube. Ninguém é tão bom que nunca tenha feito uma cagada. A diferença é que as pessoas públicas não possuem a tutela jurisdicional do Estado quanto à crítica de suas obras, enquanto a crença por ser constitucionalmente protegida não deveria agredida por quem quer que sejaQue Deus abençoe aos atores do programa Porta dos Fundos, ainda que isso os-ofenda.

* Phabricio Petraglia é Ator, Escritor, Poeta, Jornalista,Bacharel em Direito, Professor de Sociologia Jurídica – UFF, Notário, Cristão e Católico. 


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